sexta-feira, 30 de outubro de 2009

"Soneto do Amor”

Luiz Vaz de Camões

Amor é um fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;

É um não querer mais que bem querer;
É andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que ganha em se perder;

É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.

Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos a amizade,
Se tão contrario a si é o mesmo amor?

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