sexta-feira, 30 de outubro de 2009

As sem-razões do amor

(Drummond)

Eu te amo porque te amo,
Não precisas ser amante,
E nem sempre sabe sê-lo.
Amor é estado de graça
e com amor não se paga.

Amor é dado de graça,
É semeado no vento, na cachoeira, no eclipse.
Amor foge a dicionários
E a regulamentos vários.

Eu te amo porque te amo
Bastante ou igual a mim.
Porque amor não se troca.
Nem se conjuga nem se ama.
Porque amor é amor a nada,
Feliz e forte em si mesmo.

Amor é primo da morte,
E da morte vencedor,
Por mais que o matem (e matam)
A cada instante de amor.

2 comentários:

  1. Amar dá força.
    Mergulha de cabeça!
    Piscina vazia...

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  2. Rsrs Ricardo, um poeta marginal... no sentido mais real e nobre que a palavra possa ter...A margem nos dá a oportunidade de ver o panorama, o que ocorre ao centro das coisas.
    Os grandes poetas estão no cotidiano, longe do claustro e bem perto do turbilhão estéril na humanidade. Então sofram, sue, lime e faça não como ourives, mas como um jogral. saltimbanco que leva e trás o novo, em forma d "epopoesia".

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