No fim do século XIX, na França, o simbolismo surge com a publicação da obra "As flores do mal", do poeta Charles Baudelaire. Essa publicação causou uma revolução na forma de compor (de fazer) e pensar a poesia. A linha que, até então, vinha sendo seguida por outros poetas foi interrompida por essa nova produção que acabara de nascer, moldada sobre outras perspectivas de pensamento. Alguns valores da época referente à concepção de como se deve fazer poesia foram subvertidos pelas novas propostas desse novo movimento. O próprio título dessa obra foi motivo para questionamentos sobre esse novo jeito fazer poesia.
“Pareceu-me prazeroso e tanto mais
agradável, porque a tarefa era mais
difícil, extrair a beleza do mal".
(Les fleurs du maul.Paris, Garnier,61)
A beleza que Baudelaire queria extrair parece ser justamente aquela que tem como pano de fundo a realidade de Paris. Por isso, a tarefa era mais difícil.Tirar o Belo das imagens “d’As moscas que zumbiam sobre ventre pútrido” que é parte dos dejetos e ruínas deixados por uma máquina revolucionária de 1789 a qual falhou. Com essa falha, até a disposição anímica do eu-lírico se encontra entediada devida às conseqüências causadas pelos tempos modernos; solidão existencial e o sentimento de fracasso em razão das frustrações advindas da esterilidade do Racionalismo e do Materialismo como forma de reger e compreender o mundo.
A presença de seres repugnantes, coisas asquerosas e sórdidas, o que de fato, quase nunca serviu de elemento de inspiração para a poesia suscitou a dúvida de como extrair beleza do que é mal,e do que é grotesco.Na verdade, Baudelaire queria sair das rédeas da convensão, por isso, reinventou um jeito, de fazer poesia, uma nova concepção. Essa nova concepção se afasta dos modelos que regiam as eras clássicas e românticas.Essas poesias despertavam a harmonia e sensações agradáveis em seus leitores/ouvintes porque sua matéria prima era o sublime germe da poesia; o bem e/ou a beleza. A proposta do poeta francês afasta de vez a obviedade de tirar beleza do belo, sua proposta é tirar beleza do que é mal e grotesco, sórdido e feio. Essa tendência visava a um choque nos leitores acostumados com o convencional.
“as moscas sobre este ventre pútrido,
De onde saíam negros batalhões
De larvas, que escorriam como um líquido espesso
Ao longo dos vivos rasgões”
(“Une charogne” ,ibidem,p.34.)
Os temas nao nobres encontrados nessa poesia não são a totalidade da nova concepção para essa nova estética. A linguagem também sofreu modulções. Tornou-se sugestiva, metafórica e buscou musicalidade e elementos que despertassem as sensações.
Desse tipo de construção poética, surgia a forma simbolista que marcou a nova estética e a nova temática desse movimento.