quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Cultura e Literatura no Brasil: 1990 - 2006

Cultura e Literatura no Brasil:1990-2006 (MÜLLER, Adalberto) é um artigo que abrange tantos acontecimentos realmente significativos para a história do período no Brasil, que torna-se praticamente impossível resumir em apenas um parágrafo informações tão relevantes.

Bastaria dizer que alguém que desconhecesse totalmente o país nesse intervalo de tempo teria, no texto (rico em detalhes), um quadro realmente fiel de tudo que foi importante para a cultura e literatura, partindo do contexto político até alcançar todas as diversas manifestações artísticas da época.

Trata-se de um texto crítico sobre a mentalidade política desse período, que, aproveitando-se do contexto resultante de crises anteriores, promove um desmoronamento não só na arte, mas em todas as áreas, atingindo a sociedade brasileira no seu cerne (a cultura) o que a fez literalmente desabar. O capitalismo pós-guerra fria aniquila a utopia, extremamente necessária para a criação do poético.

Já que a utopia foi sepultada e seu culto proibido, grandes escritores tiveram que modificar seu perfil para passar a fazer textos voltados à nova imposição do sistema. O “lixo” (violência, miséria, políticos) passa assim do retrato estético real de períodos anteriores para uma realidade virtual cosmeticamente “adocicada”, que apenas reduplica o panis et circences com a mesma finalidade, qual seja: alienar para dominar.

Hoje, como resultado de tão triste cenário, os potenciais heróis, que deveriam estar compondo canções de protesto para depois morrer de overdose e entrar para a história em razão do talento e do estilo de vida live fast dye young (viva rápido e morra jovem), não compõem nada, não protestam, apenas varam as noites travados de uísque e de coca, depredando telefones públicos, aterrorizando casais de namorados, espancando e queimando indigentes nas calçadas ** (SANDMANN) para depois, mais velhos, candidatarem-se a cargos eletivos e eternizarem-se em cadeiras do Senado, placas de inauguração (de obras cuja concretização nem sempre acontece) e nomes de ruas.

Os inimigos realmente estão no poder e não pretendem sair tão cedo...


Os políticos,
Nós mesmos elegemos!
Será loucura?
(BORGES, Ricardo)

Ricardo Borges

**Texto extraído do poema Sympathy for the Devil in: SANDMANN, M. Criptógrafo Amador. Curitiba: Editora Medusa, 2006.

O vídeo de Marcelo Sandmann e Zirigdansk, com o poema musicado:


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