terça-feira, 24 de novembro de 2009
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Breve Biografia de Paulo Leminski
Mestiço de pai polaco com mãe negra, sempre chamou a atenção por sua intelectualidade, cultura e genialidade. Estava sempre à beira de uma explosão e assim produziu muito: é dono de uma extensa e relevante obra.
Sua estréia como escritor foi na Revista Invenção, do grupo concretista de São Paulo em 1964 aos 18 anos de idade. Mas durante as décadas de 60, 70 e 80, ele reuniu em sua volta várias gerações de poetas, escritores e artistas. Sua casa, no bairro do Pilarzinho, virou um local de reuniões informais e até de "peregrinações". Muita gente queria ver Leminski, desde desconhecidos a famosos como Caetano Veloso.
Leminski tinha uma grande preocupação com o conteúdo de sua obra. Por uma questão de temperamento e de busca, Leminski se aventurou na poesia de vanguarda, e alguns tipos de poesia que não têm uma raiz brasileira, como os hai-kais. Mas quando não estava na experimentando, ele fez uma poesia não formalmente metrificada. Era seu objetivo atingir o quadro sócio-político com ironia e, até um pouco de sarcasmo, sem ser panfletário.
"o pauloleminski
é um cachorro louco
que deve ser morto
a pau a pedra
a fogo a pique
senão é bem capaz
o filhodaputa
de fazer chover
em nosso piquenique"
poema retirado do livro
"Caprichos e Relaxos" de Paulo Leminski
quinta-feira, 19 de novembro de 2009
“O leitor que não espere desatar o riso fácil; que não aguarde o afago dócil do sentido mais rasteiro; que não creia que tudo é flores na poesia. Pois este livro, o primeiro de Marcelo Sandmann, não está à espera de leitores ávidos por emoções passageiras. A não ser que, na sua instantaneidade, as emoções aflorem com a força de uma ferida aberta, de uma “exposição de vísceras”. Mas o que elas significam? Como os áugures antigos, será preciso que decifremos essas vísceras.
Poder-se-ia dizer a princípio que Marcelo Sandmann estabelece geografias; a do corpo (próprio e alheio), os seus detalhes, relevos, secreções, tiques; a da cidade, onde desponta um universo de seres muitas vezes espiritualmente aleijados (dentre os quais, algumas das personae do poeta). Do corpo, especialmente, tratam os seus primeiros poemas; dos “pezinhos amputados” de uma certa bailarina; dos desvãos do corpo da amada, com seu “cipoal de nervos tensos”; dos ombros, esses “espasmos obscenos de asa”. Daí se origina o caráter lírico dessa poesia: o descortinas da intimidade (veja-se “Axiais”), a exposição das vísceras, das feridas.
Na medida em que se entrega ao lirismo, a poesia de Marcelo Sandmann vai também abrindo um veio satírico, com todos os gumes da ironia: entre “O engenheiro embriagado”, alfinetada no poeta dito rigoroso (em si próprio, diga-se), e o “Freudista recalcitrante”, vemos desfilar uma galeria de seres e de situações risíveis, num universo à beira de uma outra Curitiba, a de Dalton Trevisan, com quem Marcelo “bebe um conhaque” nas séries “As coisas da casa” e “Daltonianas”, cujos poemas se abrem ao exercício da narrativa curta: “a raiva invadiu a casa/ numa labareda violenta. // Crestou tudo!// Agora os dois carregam baldes de água/ para dentro, / espionados pelos vizinhos...” .
Mas admitamos: a exposição da intimidade e a derrisão irônica (e, por vezes, sarcástica) não são o único interesse da poesia de Marcelo Sandmann. Nela há lugar para que o erotismo possa “rugir afoito”, como em “Tríptico do amor elíptico”, na forma de um amor que é ao mesmo tempo pânico e desejo. Sobretudo nos últimos poemas – abandonando a concisão e o estilo elíptico do início do livro, marcas de um leitor aguçado da poesia de José Paulo Paes, admitindo inclusive formas clássicas, como no excelente “Primeiro (e último) soneto bolorento” -, Marcelo Sandmann alarga os horizontes da sua poesia, dando voz (e imagem) a outros seres e paixões: a criança, a música (os músicos), e o próprio poeta que assume o canto.
Marcelo vai então manifestando paulatinamente uma dicção menos sibilina, e mais (dis)cursiva, mais cantante: “voltar a cantar o que é claro / com um verso muito claro”. Aliás, “Poética negativa” já estabelece uma cisão bastante clara entre os primeiros poemas e esses últimos: “não quero a palavra mutilada: / autópsia incisiva, / vísceras reviradas.”
Será preciso (espero) retomar algumas vezes a leitura deste Lírico renitente, deste lírico que teima em fazer poesia num mundo de pouquíssima poesia. Sem saber de antemão qual a recompensa que ele nos dá no fim das contas: as vísceras reviradas ou o embalo do acalanto.
Ao leitor, pois, as batatas; ou os poemas.
Adalberto Müller Jr.”
1 – SANDMANN, Marcelo. Lírico renitente. Rio de Janeiro: 7Letras, 2000.
...
Primeiro dos seis vídeos do especial para TV Acorda + Poesia, de Rogéria Holtz, em cujo conteúdo a poesia contemporânea curitibana é cantada e falada.
Neste especial, alguns trabalhos do Marcelo Sandmann e o próprio poeta marcam infatigável presença.
As seis partes do especial estão em: http://www.youtube.com/view_play_list?p=637A41C5DD94B093
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
quarta-feira, 11 de novembro de 2009
modelo: O Poço e o Pêndulo
de E.A.POE
(nó, sem desenlace)
Luz.../escuridão!/De súbito.
Poço.../cai no chão o moço/condenado/perturbado/Morto?/Niger Orcum
de súbito/abre, comida, fecha
junto com o cheiro/ratos/roem o prato e o peito/preso.
Escuridão...
ratos, poço, balanço,/perpendicular
descendo, descendo, descendo, descen...
cinto, pele, gordura/Cinderela, ratos, Alice
caindo, comendo, morrendo,
ainda não!
ainda não!
move, parede, fechando,/Poço, buraco, caixão/Faca, corte, lâm(be)ina
caindo...cain
ainda não!/ainda não.../
domingo, 8 de novembro de 2009
A arte imita a vida ou a vida imita arte?
Apesar de começar a ser combatida na modernidade, a ideia de que a arte imita ou deve imitar a realidade é propagada desde a Antiguidade e ainda tem seus defensores nos dias de hoje.
No texto “A personagem de ficção”, de Anatol Rosenfeld, é citado o caso do livro Buddenbrooks. Neste, Thomas Mann conta uma história de ficção, que tem como pano de fundo a cidade de Lübeck, na Alemanha, “que existe na realidade”, ou melhor, que tem sua correspondente no real. O autor do livro sofreu muitas crítias pois, segundo leitores e moradores da cidade, mostrou Lübeck de um jeito irreal que “não correspondia ao que ela era na realiadade”. Conturdo, sabe-se que mesmo os aspectos que tem correspondentes no real, se estão em uma obra de ficção, são ficcionais, e só devem obedecer às regras de coesão e verossimilhança interna do texto.
Atualmente, fãs de anime* e mangás*, de livros best-sellers que criam universos paralelos (como as sagas Senhor dos Aneis e Harry Potter) fazem o chamado cosplay (do inglês costume, roupa e play, jogar), onde se vestem como os personagens e tentam agir como eles, fazendo seus movimentos típicos. No caso dos fãs do Senhor dos Aneis, de J.R.R. Tolkien, alguns até mesmo falam, em certas ocasiões e encontros, usando a língua criada pelo autor para grupos de personagens (a mais falada é o Sindarin, inspirado no Galês e com 10 mil falantes**).
Não se precisa nem mesmo ir muito longe: as telenovelas brasileiras (desconsiderando aqui o debate de estas serem arte), e masmedias em geral, a todo tempo lançam modas (de roupas e acessórios) e de idioletos (bordões) que, copiadas pelo público, caracterizam gerações.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009
Beatriz Francisca de Assis Brandão
Nascida em 29 de Julho de 1779, na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto), a poeta era prima de Maria Dorotéia de Seixas Brandão, a Marília de Dirceu; casou-se com o Alferes Vicente Baptista de Alvarenga e se lhe divorciou em 1839 pelo Juízo Eclesiástico, por ser vítima de maus tratos dele. A partir daí, ela se muda para o Rio de Janeiro, onde passa a publicar os poemas que sempre escrevera; contribuiu para os jornais Marmota Fluminense e Guanabara. Após publicar suas obras no Parnaso Brasileiro, ela as compila e publica um livro de poesia - Cantos da mocidade - e, em seguida, um segundo livro: Carta de Leandro a Hero, e Carta de Hero a Leandro, ambos no Parnaso Brasileiro. Ela morre em 05 de fevereiro de 1868, no Rio de Janeiro. É patrona da cadeira nº 38 da Academia Mineira de Letras. Em 2005, foi homenageada pela câmara de vereadores de Ouro Preto com uma comenda. Eis a reportagem:
http://www.cmop.mg.gov.br/projeto/index.php?option=com_content&task=view&id=1025&Itemid=2